quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

SABORES DA VIDA (10/06/1973)

Vida doce,
Açúcar,
Mel,
Caldo de cana.

Vida:  a doçura de sofrer,
           a doçura de amar.

Vida Morta,
Vida Viva.

Choro, lágrimas,
Sorriso - traição,
Sorriso - amor.

Doce vida,
Doce morte.

Morte açucarada
De uma vida salgada.

Morte salgada
de uma vida ácida.

Amarga.

Uma doce-amarga vida!

Fome X Amor (10/10/1973)

Estou com fome...
Quero comer!
(É óbvio!).

Quem tem fome, quer comer...
O que fazer?
Proibiram que eu comesse quase tudo.
(Dieta esquisita!)

Deixaram-me entregue a sucos e biscoitos.
Estava com fome, gostei dos biscoitos e
Achei o suco de laranja delicioso.

Agora a fome passou,
Estou enjoado,
ainda que sem vomitar.

Queria comer um salgado,
mas não posso.
O que fazer, se o médico proibiu?
Fico na vontade...

Aí penso no amor.
A fome de amar.
A fome do amor não saciado
por ser direcionado ao próprio "ego".

Amor egocêntrico,
tal como comer só biscoitos,
Causa enjoo.
Daí a necessidade do "salgado"
que é amar as outras pessoas.

Apego (24/04/1973)

Abandonei tudo,
Para me apegar a tudo.

Deixei parentes,
Saí de casa,
Fui morar sozinho..

Não fiz questão de herança,
Saí com a alma nua.
O corpo vestido.

Depois, fiz quase tudo por dinheiro,
Trabalhei,
Comprei coisas,
Tornei-me ambicioso.

Apeguei-me a tudo:

Da matéria ao espírito.
(Não tenho coragem de desapegar do espírito).

Olha eu aqui (24/04/1973)

Olha eu aqui...

Minha presença:

Não sei se indesejável ou
             se desagradável.

Estou aqui.
(Não tiveram a audácia de me mandarem embora).

CARNAVAL (Escrito em 14/12/1972)


Fujo de casa,
Fujo de mim.
Estou sozinho na "multidão".

Não há multidão.
Há pessoas isoladas juntas.
Juntas pelo álcool,
           pela fuga de si,
           pelo sexo,
           por uma liberdade escravizada.

Pessoas isoladas juntas.

Três dias passam;
Uma viagem curta;
Volto à vida.

Do carnaval me resta a lembrança...
E as cinzas:
Sou pó!